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TRANSGÊNICOS


"Barreira antitransgênico Ancestral do milho possui gene que impede a contaminação das plantações"

                                        Transcrição: JB de sábado 14/10 - matéria não-assinada

Um ancestral selvagem do milho é capaz de erguer uma barreira molecular e isolar as plantações geneticamente engenheiradas dos cultivos orgânicos. A pesquisa do geneticista Jerry L. Kermicle, da University of Wisconsin em Madison (EUA) será patenteada pela Warf, que cuida dos interesses da universidade, e estará disponível já para a safra de 2003.

O trabalho de Kermicle partiu do princípio que as variedades de milho selvagem, mesmo se cultivadas lado a lado com o milho híbrido moderno, não são afetadas pela polinização cruzada, a transferência de pólen pelos insetos ou pelo vento. O geneticista descobriu quais os genes responsáveis por essa característica e começou a transplantá-los para o milho comum através do processo clássico de cruzamento.

"As novas plantas não são geneticamente modificadas", fez questão de destacar Kermicle em artigo para o boletim da universidade. "São resultantes do cruzamento clássico das duas espécies: o milho selvagem e o híbrido." A idéia do geneticista é que o novo tipo de milho ajude a criar barreiras de proteção entre as plantações transgênicas e as naturais e permitir que os plantadores garantam a integridade do produto.

O milho selvagem é uma planta cultivada há séculos no México e desde a revolução verde convive tranqüilamente com o milho híbrido, sem adquirir suas características através da polinização cruzada. Há tempos os cientistas suspeitavam que se tratava de um característica genética do vegetal, mas coube ao professor de Wisconsin descobrir que se trata de um grupo de monogenes e começar a cruzar as duas espécies até que as características de uma passassem para a outra.

"Esta tecnologia pode resolver o problema da contaminação do milho híbrido pelo geneticamente engenheirado", explicou Steve Gerrish, agrônomo, representante da Wisconsin Alumni Research Foundation (Warf). "Ela também permitirá que o fazendeiro plante os dois tipos de milho (transgênico ou natural) sem que eles cruzem um com o outro.

"Mas a Associação Britânica do Solo não se deixou convencer. "A nova barreira genética não protegerá os direitos dos fazendeiros orgânicos e dos consumidores que não querem plantar ou consumir produtos geneticamente engenheirados", disse porta-voz do grupo de agricultores orgânicos à televisão BBC. "Além disso, vai lançar nas costas dos agricultores o fardo de ter de plantar a nova variedade de milho para proteger suas plantação natural."

A empresa de biotecnologia Aventis confessou esta semana que plantou beterraba geneticamente modificada sem autorização do governo britânico em dois cultivares. A empresa está pedindo licença para que Chardon LL, marca de suas sementes de milho GM, seja incluída na lista de produtos autorizados pelo governo para plantio comercial.